Meu colega Daniel pede para que eu divulgue aqui o lançamento de seu livro. É o que se segue:
Travessia
Lançamento do livro “Travessia” no dia 19 de janeiro de 2013, das 11:00 às 13:00, no Café com Letras (Rua Antônio de Albuquerque, 781. Savassi, Belo Horizonte).
(Release escrito por Maria Elisa Rodrigues Moreira,
doutora em Literatura Comparada:)
Travessia: trata-se de uma obra ímpar, na qual Daniel Rocha Silveira tece, de forma sutil, a poesia com seus fazeres e leituras cotidianos. Seu texto-vivo, como o próprio autor o denomina, ecoa paisagens e personagens de distintos tempos e espaços, que o povoam e nele articulam reflexão e sensibilidade. Nele é possível ouvir “as vozes dos mortos”, como disse uma vez Jorge Luís Borges, o contista-poeta argentino que marcou gerações de escritores: no voo poético de Daniel, sobrevoa-se uma certa história da filosofia, da literatura, da psicologia e da própria poesia…
Nesse texto acumulam-se as dúvidas e anseios de uma vida que não cessa de se questionar, a todo o tempo, sobre o que está porvir; de um homem que se sabe constituído pelo que de mais prosaico lhe acontece, mas também pelo que de mais poético lhe atinge. A incerteza do devir e o risco que ele provoca deixam seu rastro na palavra desse poeta-viajante que conhece o mundo sem tirar os pés do chão.
Ao convidar o leitor a embarcar nessa viagem em sua companhia, Daniel Rocha Silveira propõe um percurso, indica num mapa sinestésico como “transmutar a dor em alegria”, como dialogar com o pensamento do outro, como combinar “os ingredientes, temperos, odores, cores e sabores” desse voo que é a poesia com o solo sobre o qual o ser humano precisa estar firmado. Brincando com as palavras, evidencia o quanto a poesia é lúdica e filosófica, indica seu papel fundamental para preencher o vazio existencial que o tempo provoca em todos, aponta possíveis caminhos para que o lirismo se manifeste mesmo nas mais improváveis situações.
O caminho está indicado, mas a sensibilidade do poeta sabe que a opção por segui-lo ou não independe dele, e que a leitura pode levar a outros voos, a outras trilhas, a outros solos, como bem indica seu “Espelho”:
Cabe a ti escolher,
entre caminhos que seguem,
muitos rumos;
e se (em)tornar
cego de alma,
ou andarilho de aberta ao infinito humanidade.
(A dádiva da liberdade.)
Jardim particular (texto de Rosana Varela sobre o livro Travessia )
“Tu, para onde irás?”, indaga-nos o poeta, referindo-se ao caminho a ser tomado para que possamos seguir em frente na travessia da vida. Umberto Eco, em Seis passeios pelos bosques da ficção, nos diz:
“Nada nos proíbe de usar um texto para devanear, e fazemos isso com frequência, porém o devaneio não é uma coisa pública; leva-nos a caminhar pelo bosque da narrativa como se estivéssemos em nosso jardim particular”.
Assim, o autor nos conduz por esse bosque de belas palavras, onde cada leitor encontra, ao final, seu próprio jardim. Por vezes, deparamo-nos com espinhos, obstáculos que a própria vida nos traz: “Danada demanda que a vida manda?
Ou graciosa oportunidade,
de transformar dor em maravilha,
entalhar sorriso, parido, sofrido?
Esse fruto da dor transmutada em ouro
— precioso tesouro –“.
Em seu livro de estreia, Daniel Rocha Silveira nos convida a “ouvir a voz que brota do fundo e da foz da alma”, através de uma poética leve e introspectiva, capaz de invadir os recônditos da alma e nos fazer transcender ao cotidiano – competência inerente aos grandes poetas.
“Sentido, sentido, onde estás?
(não és tu que perguntas
é a vida que a ti indaga)
Tu, para onde irás?”
Um convite nos é dado, para esta que promete ser a mais fascinante de todas as travessias:
“Cabe a ti escolher
entre caminhos que seguem
muitos rumos […]”.
Tomo a liberdade de reforçar o convite aos leitores, que assim como eu, almejam caminhar pela vida, esse “mistério multifacetado, caleidoscópio de infinda riqueza”, tão grandiosamente aqui representada por este talentoso poeta”
Entrevista: (Rosana Varela): “Pra você, o que é poesia e como se pode fazer a analogia com a imagem da travessia?”
(Daniel:)“A poesia traz muitos significados, mas para mim, em resumo, é um certo olhar, forma de se construir o contato com o mundo, um sensibilizar-se para a beleza que emana em vários prismas do cotidiano. Um brincar com as palavras, desconstruindo e construindo sentidos, um permitir-se mudar o foco do olhar lugar comum, na gestação de novas configurações linguísticas onde se coloca a possibilidade da harmonia e do belo que transmitem esperança e paz. Atravessar a vida de forma criativa é um ato poético. “Travessia” nos coloca na dimensão de uma peregrinação em direção a uma meta. Meta que é o sentido da vida, que pode ser encontrado a cada momento a partir de um posicionamento sensível e responsável, a partir da resposta dada às perguntas que surgem a cada momento, apontando para um projeto de futuro em horizonte matizado por harmoniosas cores. A imagem da Fênix na “Travessia”, utilizada para a capa do livro, brotou de meu inconsciente como símbolo da possibilidade de vitória e superação no caminho cotidiano. Pintei-a de forma intuitiva: no início, brinquei com as cores azul, vermelho, amarelo, alaranjado em vários tons; ao olhar para a tela, visualizei o pássaro nas diferenças de nuances, sem planejamento consciente; então delineei-o, explicitando-o mais claramente. O livro aponta para a superação na estrada do tempo, as poesias e a Fênix se confirmam, plenificam, dialogam, constroem. Fica o convite a degustar o processo de transformar a dor inevitável em possibilidade de alegria e leveza. Não se render ao sofrimento, mas torná-lo combustível na fogueira do crescimento pessoal. Após a tempestade vem a bonança. Respiremos juntos a esperança. (Daniel Rocha Silveira)”
(Maria Madalena Magnabosco, doutora em literatura comparada, UFMG:)
“A poesia de Daniel nos remete à própria etimologia da palavra poema, que vem do grego poiema, o que se faz.
Sua escrita traduz, como nos dizeres de Octávio Paz, um “organismo verbal que contém, suscita ou segrega poesia”.
À medida que constrói e desconstrói sentidos, o autor, sem o perceber, faz o trabalho de devolver o leitor a ele mesmo. Essa é a grande obra de Daniel: suscitar ou segregar a poesia latente no próprio leitor. Poesia que nos envolve nas sensações mais primárias, que nos devolvem tatos, sabores, imagens, sons; enfim, sensações e percepções sufocadas e esquecidas em um cotidiano que apenas repete comportamentos.
Em sua escrita, seja resgatando as vivências dos existenciais, seja transitando nos tempos líricos da infância, da música, seja reverenciando gratidão a escritores como Saramago, Poe, Meireles e outros, seja revelando a gratuidade da arte, Daniel nos possibilita o retorno às vivências mesmas. Fenomenologicamente ele nos lembra de que os mínimos gestos, as carícias das palavras, gestos, sons e cores se encontram nas significações, na intencionalidade com que agimos, pensamos, trabalhamos, sonhamos, nos encontramos e desencontramos neste mundo.
Neste sentido, a obra poética de Daniel faz ressurgir no leitor o desejo de se (re)conhecer no cotidiano, mundo em que somos, não como mero comportamento mas como uma ação que (re)significa. Afinal, poesia e poiesis são criações, são retornos a uma originalidade de ser criatura, isto é, de ainda poder além do dado e do dito que já não mais renova sentidos.
Em tempos onde o parecer tem prevalecido sobre o ser, sobre a sensibilidade que desperta novidades, a delicadeza de sua poesia nos faz um convite para realizarmos nossas travessias de modo mais humano:
A vida te desafia ao trabalho que alivia a dor,
Aceitas a proposta, com responsabilidade em calor?
Parabenizando sua coragem de ainda ser poeta, sinto-me honrada em participar desse encontro com o autor”. (Maria Madalena Magnabosco, psicoterapeuta e professora de psicologia existencial, doutora em literatura comparada, UFMG).
O AUTOR
Nascido em Belo Horizonte em 1974, Daniel Rocha Silveira graduou-se em Psicologia e pós-graduou-se em Psicologia Social pela UFMG, onde é hoje professor. Atua também como psicoterapeuta, com larga experiência nas mais diversas áreas. A literatura e as artes plásticas estão no rol de seus interesses desde a infância, e na escrita encontrou uma atividade importante que agora se torna visível com a publicação de seu primeiro livro, pela Editora Redemoinho.
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Daniel Rocha Silveira. Telefones: (31)93096305 e (31)25116968