Terminou a IX Jornada de Direito e Psicanálise, da Faculdade de Direito, da UFPR. Como sempre, a experiência para mim foi mais que enriquecedora. Além da excepcional qualidade dos trabalhos apresentados, da troca de ideias, o próprio projeto é fascinante. Propor a muitos que se leia o mesmo texto revela o tanto que o texto não existe, ele é pretexto para encontros de leituras possíveis. A amizade que daqui decorre é o desejo de que sua leitura nunca seja a única, nunca seja solitária. A amizade é uma forma de autorizar o olhar do outro. É perguntar, vendo: o que você vê? Admitir sua própria insuficiência. Não para ser preenchido pelo outro, pois este também é tão insuficiente quanto você. É pra criar um espaço no meio. Nem eu, nem outro, melhor: eu e outro. Amizade é a força desse entre-lugar.
Sentimos falta do humor do Cyro dessa vez. Suas provocações – pelo menos o entre-lugar que se forma entre eu e Cyro, para mim, é esse: o da provocação. Toda sua irreverência: menos, menos, menos. Menos texto, menos citações… mais sujeito autorizado a dizer em seu próprio nome. O motivo que o afastou de nós nesse ano, sabemos, o corpo e sua intransigência, corpo do outro que seja, exige mesmo distâncias. Mas seu texto veio. E nos emocionou a todos. Todos torcemos muito para o melhor, Cyro, para o mais suave.
A foto de Eduardo Dias Gontijo é tão ilustrativa disso que encontro nesse grupo. A paisagem sertaneja, algo inóspita, algo pobre das marcas civilizatórias, contrasta com a riquíssima força de um abraço a três. Vão juntas as crianças, não se sabe para onde. Parecem estar se divertindo bem nesse abraço. Talvez até tropiquem umas nas outras. Que importa? Essa é a graça.
Obrigado ao Jacinto – buon giorno, rifriggerio! – pela iniciativa, por estar nos abraçando nessa caminhada tão bacana.
Aos meus colegas, deixo aqui o link – desejo de link – para o meu texto sobre o Grande Sertão: “Do desejo de vingança à capacidade de perdoar: julgamento e psicanálise”.